Category: A Minha História (page 4 of 5)

Reflexos

A imagem…

Sim, foi um pouco complicado ver-me num corpo que não me pertencia (achava eu).

A primeira vez que me vi, foi através de um ecrã pequeno de uma máquina fotográfica. Não era muito perceptível, pois a foto tinha sido tirada um pouco distante, no entanto foi o suficiente para ficar pasmado com o que via ali.

Quando me falavam de como era o meu estado eram um pouco brandos, apesar de eu sentir que era pior do que me transmitiam, mas, nunca consegui imaginar que um acidente com queimaduras me pudesse retirar todos os traços da minha imagem.

Quando tive maior oportunidade para me ver com mais tempo, mais calma, e mais próximo, os olhos era a única parte que eu conseguia identificar como sendo meus.

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Felicidade e amor próprio!

A felicidade. O amor próprio.

São duas palavras que deverão seguir sempre de mãos dadas.

A felicidade só existirá se tiveres amor próprio, como o amor próprio, por defeito, te trará a felicidade.

Houveram momentos em que vivia a pensar no que perdi, no que poderia ter sido, no que eu ambicionava que fosse o meu futuro… Enquanto isso, perdia a capacidade de amar o que tinha, de usufruir do que era, e fechava portas a oportunidades do que poderia ser!

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Ri-te de ti mesmo e diverte-te!

O que me custava lidar na minha situação pós acidente, era com os comentários de pesar, as mesmas conversas repetidas vezes e vezes sem conta de quem me visitava.

Tens de ter muita força!

 

Repetiam vezes e vezes sem conta, como se eu não soubesse disso.

 

Deves ter sofrido muito, coitadinho!

 

Outra frase que me dava uma enorme comichão.

 

Era difícil fazer com que as pessoas parassem de me ver desse jeito.

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A prótese

A amputação fez-me “andar” de cadeira de rodas.

A vista desde daqui não é de todo a mais agradável. Os olhares expressivos de tantas palavras vindos de cima na minha direção.

Faziam-me sentir uma criança, sem poder de voz. Indefeso.

Mas esses dias estavam prestes a terminar. Chegava a tão aguardada prótese que me iria ajudar a reerguer. A Geninha. Olhar de frente o que até ali, por vezes, me atormentava.

Como será caminhar novamente?!

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Sexta-feira 19

Entro eu no ginásio, onde comecei a treinar à uns dias atrás, dirigi-me ao bar, pela primeira vez, para tomar um café. Aquela dose de cafeína necessária para realizar um bom treino.

A senhora que me atendia, sempre bastante sorridente, dava um ar de simpatia e por sinal bastante contagiante.

Perguntou-me se eu me iria sentar um pouco, mas eu respondi que não. Queria apenas tomar o café para iniciar o meu treino.

Depois de tirado o café perguntou se tomava com açúcar ou adoçante, respondi açúcar. Prontamente pegou numa saqueta.

Caminhou em direção ao balcão enquanto com uma mão segurava a chávena e com a outra sacudia a saqueta do açúcar. Ao chegar colocou a chávena mesmo em frente a mim, sorriu e perguntou:

“Posso colocar o açúcar?”

Como poderia eu naquela situação negar tal gentileza?

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Medos

Foi de carro que a minha vida tomou um rumo diferente.

Quando já andava de pé, quis voltar a sentar-me ao volante.

Disseram-me muitas e tantas vezes que não iria conseguir devido ao estado em que ficaram as minhas mãos.

Mas eu sentia que sim, que era possível.

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Boas festas

Este episódio remonta ao ano 2009, ano este que seria o ano de transformação.

Após uma larga temporada difícil de Abril até Dezembro com trocas hospitalares, que até à  ocasião já era a terceira, avizinhava-se uma época de amor e paz, muitas vezes apenas resumida a uma ´época de troca de presentes.

Toda a esta situação levava-me a crer que esta seria a minha primeira época natalícia longe da minha família. Por mais que me dissessem que não me iam deixar passar sozinho, eu próprio já me conformava para o pior.

Mas as melhores notícias chegavam, ia ter a possibilidade de passar o Natal e Passagem de Ano a casa.

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Da amabilidade ao confrangimento

Algo que se passou esta última semana…

Entrei eu num restaurante que por acaso não foi em Portugal, mas também pouca importância faz, e após uma boa recepção sentei-me confortavelmente enquanto aguardava o cardápio.

Depois de entregue, fiz uma análise das possíveis escolhas, acabando por escolher uma pizza.

Aguardei com normalidade e fui trocando algumas palavras com quem me acompanhava.

Chegada a pizza estranhamente ela não vinha cortada em fatias, como habitualmente acontece. Meti mãos à obra. Agarrei nos talheres e comecei a desenvencilhar.

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Amputação

Um pesadelo tornado realidade.

Nunca, em nenhum dos piores sonhos me passara pela cabeça.

Algo estranho eu notara. Teria passado tanto tempo que eu sofrera um crescimento tão acentuado que um dos membros crescera e o outro, O por atrofio causado pelo acidente, não?!

Tentei obter essas respostas sem nunca demonstrar que eu me apercebera de que teria sido muito mais grave do que me iam informando.

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Ao acordar

Após 23 dias induzido em coma, entre os apitares das máquinas, preparava-se tudo para me acordar.

À minha mãe, que se encontrava presente através de uma janela com um intercomunicador na mão, diziam: “Agora tem que ser forte! Ao acordar ele poderá estar a reviver o dia do acidente.”

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